sexta-feira, 13 de maio de 2016

Big Wall - Domingos Giobbi em Solitário.

Fala galera, tudo em cima!

"Escalar já não costuma ser muito fácil, pra alguns pelo menos...Agora junte um Big Wall clássico e com certo grau de comprometimento, peso de muito equipamento, comida, água e vá escalar a Domingos Giobbi...só que em solitário! Foi exatamente esta a proeza que o nosso amigo Márcio Faria aprontou, confiram o relato do próprio!"

Relato Domingos Giobbi em solitário, por Márcio Faria.

Sou um admirador da escalada tradicional, vias longas em livre e Bigwall. Tenho além de admiração pela linha Domingos Giobbi, experiência nesta linha, e conhecimento de todas as estratégias desta via. Então pensei em fazer algo diferente, por exigir comprometimento com a parede e todas as técnicas envolvidas nesse processo, resolvi escalar está linha em solitário! 


Foto arquivo blog Rock Log
Planejei a escalada para o feriado de Tiradentes e fui para São bento, chegando por volta das 19:30. Ja em casa no paiol grande, finalizei toda a carga do haulbag, com equipamentos, 8lts de água, comida e portaledge.

Devido ao peso de todo o equipamento, fui de carro até o inicio da trilha no Bauzinho, deixei as coisas por ali, e voltei para deixar o carro no estacionamento, voltar a pé e seguir em direção ao Col. Fiz o rapel para meu bivaque que seria no platô exatamente na base da via gregos e troianos, as 23 horas já estava dentro de meu saco de dormir descansando para meu próximo dia. 

No dia seguinte acordei as 5:30 fiz um breve lanche e fui para à aproximação da base da Domingos Giobbi. Me aprontei e dei início a escalada em solitário, acessando o platô pela via das abelhas, pelo motivo de que o primeiro diedro da domingos ser moradia de muitos marimbondos. Chegando no platô fixei minhas cordas de guiada e voltei para a base para fazer a limpeza e prender a carga. Na escalada solo você tem três trabalhos: 1° escalar, 2°limpar toda a guiada e 3° puxar sua carga. 



Dando continuidade do Platô para P2, esse lance é classificado em A2 escalada tranquila em camalots, Tcus , cliffs de furo e agarras. A escalada seguinte para P3 é um pouco mais lenta por ser em A2+, escalada delicada em sequências de inúmeras peças móveis e uma sequência de 5 furos de cliffs. Ao chegar na P3 me dei conta em reparar no relógio como estava muito rápido e adiantado, era exatamente 13h , voltei para P2 para liberar a carga e iniciar a difícil limpeza na diagonal dos tetos. 


Foto arquivo Marcio Santos.
Neste trecho, tive um problema com um nut #7 que emperrou no teto e meu martelo estava dentro do haulbag liberado e pendurado no vazio, tive que ir até a parada puxar  a carga pegar o martelo e voltar para a retirada do nut emperrado, primeiro perrengue resolvido. 

Minha méta do dia era dormir na P3, resolvi seguir em diante para P4 e já adiantar a escalada do dia seguinte, chegando na parada fixei as cardas deixei o excesso de tralhas como mochila água e equipos e voltei para limpeza com apenas uma lanterna no bolso. 

Chegando de volta na P3 liberei o haulbag junto com o portaledge e iniciei o processo de limpeza da diagonal, logo descobri a merda que tinha acabado de acontecer, ao esticar a corda que estava com uma barriga ela passou por baixo do haulbag e pescou juntamente com o portaledge, assim enroscada e puxando o bag de ponta cabeça (merda feita). Eu ali isolado na P3 apenas com uma lanterna no bolso olhando o problema do lado esquerdo e o sol se pondo no lado direito, é nestas horas que colocamos a cabeça pra pensar e imaginar quais soluções me restam no momento. 

Tomei a atitude de fazer rapeis na diagonal e ir buscando a próxima chapa, assim fazendo um outro rapel, em seguida assim conseguindo alcançar a carga e dando início a solução do meu problema. Fiz um nó UiAA com o restante da corda, e ao soltar a carga, recebi um enorme "trancodevido o peso. 

Pronto perrengue resolvido ,dei continuidade a limpeza da guiada e já era início da noite, cheguei na P4 por volta das 18:30 e montei meu portaledge onde iria passar a noite e descansar. Em seguida saiu um grito de missão cumprida, depois de um dia intenso de trabalho iria descansar meu corpo cansado.

A noite estava linda, lua cheia sem nenhum vento para me incomodar apenas aquela vista linda das silhuetas das montanhas no horizonte, dava pra reparar em muitos detalhes por toda rocha iluminada pela luz da lua, o bauzinho estava muito iluminado assim como a mata lá em baixo um visual incrível noturno.

Um pouco antes antes do amanhecer, eu já estava desperto, por volta das 5:00 da manhã. Como já estava super adiantado esperei o dia amanhecer e reparar na beleza do sol nascendo no horizonte, tranquilamente tomei meu café da manhã e em seguida desmontei o portaledge e organizei os equipamentos necessários para ataque ao cume faltando apenas duas cordadas.



Conforme minha estratégia, deixei parte da carga fixada na P4 e iria para o cume sem arrastar esse peso buscando na volta acessado pela normal facilitando meu ataque e agilizando, por se tratar de uma diagonal muito extensa da P5 para última P6.  

Equipamento todo organizado dei início a escalada bem ágil e rápido, estas duas cordadas foram bem rápidas um A2 e um A2+  sem muito trabalho, na última  cordadas na metade da guiada em diante acaba o artificial e inicia se um 5 sup lindo com toda exposição que aquela parede imponente te proporciona, diversão garantida pra fechar o dia do solitário. 



Chegando no cume as 9:30 liguei para alguns amigos contando sobre o feito com sucesso e super agilidade, ao desligar o telefone me preparei e voltei para P5 e dar continuidade a última limpeza do dia tranquila e sem nenhum perrengue. O trabalho não tinha acabado por aí, dei continuidade e retornei pela a normal do bau para resgatar minha carga (portaledge e haulbag). Já com a carga resgatada finalizei o rapel para o platô do col e me preparei pra ir embora.  

Retornei toda trilha até o estacionamento com o bag nas costas e portaledge apoiado na nuca, e finalmente as 14h estava em casa tomando minha cerveja e comemorando o meu feito com sucesso. 

Relato : Márcio Faria dos Santos
Bigwall em solitário  no dia 21/04/2016

Abraços e boas escaladas!

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Highline Pouso Alegre - Conquistando novas linhas no SUL de MG!

Fala povo da montanha, tudo em cima!


"Hoje falaremos sobre um esporte que a cada dia toma mais forma e vai ganhando mais espaço e adeptos: O Highline! A seguir veremos o relato de como foi a conquista de duas linhas em um lugar incrível aqui no sul de minas."

Por Artur Parenti

         Em meados de agosto de 2015, nós do Highline de Pouso Alegre, graças ao nosso amigo Guilherme Coury (atleta de Highline da Bera Adventure), abrimos as duas primeiras linhas de Highline da Serra Monte Belo, também conhecido como Serra Grande, ou como a chamamos: Pedra da Baleia.




      A montanha é localizada no município de Cachoeira de Minas, fazendo divisa com Conceição dos Ouros. O acesso e feito tanto por Ouros quanto por Cachoeira de Minas, com trechos de estrada é boa em sua maior parte, com subidas bem íngremes, pouco espaço para o carro, e alguns lances de cascalho natural que quase impedem o carro de passar. Fiquem atentos aos carros baixos!

A missão durou 3 (três) dias, estávamos em 8 (oito) pessoas, (Eu, Luquinha Andrade, Dieguinho Moreira, Jonas Vieira, Joãozinho, Gui Coury, Bruno Leite, Fabrini As).
Nós acampamos no topo da montanha, precisamente na Floresta que e é bem protegida do vento, e conta com um espaço muito bom pra acampar.

A primeira linha de Highline fica perto do acampamento à esquerda descendo uma trilha cerca de 50 metros. Localizada na face Oeste da montanha, o local conta com um visual incrível, principalmente no pôr do sol, sendo que tal local é apelidado de Frankenstein (por causa do aspecto da rocha ser parecido com a cabeça desse personagem).
Por conta disso, a linha que tem 17 metros de comprimento por 30 de altura e 170 metros de exposição, foi batizada de “Sobrancelha do Frank”. Isso por que uma das ancoragens fica localizada no que seria a Sobrancelha da tal cabeça do Frankenstein.

A linha apesar de curta, conta com uma vista privilegiada da cidade de Pouso Alegre/MG; Além disso, é uma linha muito boa para se treinar manobras estáticas e exposições viradas para o abismo!!! Eu recomendo caminhar nessa linha no por do sol, por do sol esse, semelhante ao de São Thomé das Letras/MG (se é que isso é possível, rs).



A segunda linha é mais desafiadora, tanto na sua montagem, quanto no nível de desafio. Apelidada de “Anão pelado” (não me pergunte por que!) essa linha conta com 38 metros de comprimento por 30 metros de altura e 140 metros de exposição.




Essa linha fica na parte direita do acampamento, descendo a trilha sentido a Caverna que tem na parte baixa da Pedra (Caverna essa que deveria ser visitada pelos meus amigos escaladores mais experientes, para eventuais conquistas de vias de escaladas).

Pra montar a “Anão pelado”, tem de descer um rapel com cerca de 30 metros na base esquerda da linha, já na base direita, deve chegar em uma beirada do penhasco para se ancorar no Highline (futuramente pretendo melhorar a segurança desse local furando mais um bolt pra clipar o auto seguro do atleta que estiver entrando na linha).

Essa segunda linha fica de frente para as duas cidades que disputam sua divisa (Cachoeira de Minas/MG e Conceição dos Ouros/MG), mais precisamente na face leste da montanha, consequentemente fica de frente também para a pedra do Baú. A distância da Anão Pelado” é a mesma da “4e20” a linha mais clássica do Baú, qual seja 38 metros de puro bounce e muita adrenalina!!!

Gostaria primeiramente de agradecer ao nosso amigo Juliano Pedra Chata que nos indicou o potencial da Pedra da Baleia, assim como gentilmente cedeu seu equipamento para ajudar na conquista da segunda linha e também participando na limpeza da trilha...Kmonn! Agradecer ao climber Samuel Moreira, que nos apoiou, inclusive cedendo os chumbadores da ÂNCORA, para que pudéssemos conquistar essas duas linhas de highline em solo sul mineiro, bem como abriu esse espaço no blog, para que pudéssemos compartilhar essa conquista com toda comunidade da montanha. E por último, mas não menos importantes, os nossos amigos de São Paulo/SP, os highliner’s, Bruno Leite, Fabrini As e Guilherme Coury, lembrando que toda a conquista foi dirigida e concretizada pelo Gui Coury, que mesmo tendo diversos compromissos pelo Brasil inteiro, separou um final de semana para deixar esse presente para nós Sul mineiros e demais atletas de Highline do Brasil

Um salve pra toda a comunidade do Slack PA e Slack Sul mineiro! Nossa história só está começando! Um abraço e até a próxima!

Arthur Parenti

Advogado, entusiasta do esporte radical.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Escalada na Via Transbaú, diversão garantida!

Fala galera, tudo em cima!

"O clima para o final de semana estava propicio para uma escalada tradicional, então toquei novamente para São Bento do Sapucaí, mais uma vez na companhia do Rafael e do Bobby, e fizemos a clássica via Transbaú. Veja como foi esta divertidíssima escalada!"

Foto divulgação site Brasil Vertical
Escalar no complexo do Baú é sempre muito empolgante e com certeza mexe com a parte psicológica das pessoas. Tanto pela história das vias e suas conquistas quanto pelo grau de comprometimento que o escalador deve ter. Isso faz com que se crie um ambiente mágico e envolvente e torna toda a escalada com certeza mais empolgante!

Chegamos ao restaurante Pedra do Baú por volta das 8:30/9hs da manha, e seguimos por trilha até a base da via. Distribuímos o peso dos equipamentos, compartilhando expectativas e informações sobre como dividiríamos a cordada logo estávamos na base. Iniciamos a escalada por volta das 10hs da manhã, com um clima perfeito, uma leve brisa de outono e com o céu entre nuvens,que hora outra o sol aparecia.
Bobby e Rafael arrumando as mochilas no estacionamento.
Bobby e Rafael na trilha para base.
Foto na base da via!
Decidimos que eu guiaria a primeira e segunda cordada emendadas, evitando a P1 que é mista. Então calcei a minha sapa e toquei as enfiadas, em um balé nos lances não mais que Vsup, com movimentos alternados com a respiração e logo menos estava na P2. 
Eu no inicio da 1ª enfiada.
Bobby limpando a 1ª e 2ª enfiada.
A 3ª enfiada  ficou por conta do Bobby, que sem problemas e com muita tranquilidade, chegou na base e logo fazia nossa segurança, para que eu assumisse mais uma vez a ponta da corda e entrasse na 4ª enfiada, que por sinal uma das mais legais da via. Neste trecho é onde fica o této "Estrela Fugaz", um lance esportivo de VIsup bem protegido que graças a um dia inspirado dominei sem problemas...quer dizer,  a não ser por uns Marimbas que se alojaram em baixo do teto, dentro das fendas. Mas não incomodaram, é só  passar bem na miúda!
Eu no Crux de VIsup na 4ª enfiada.
A 5ª enfiada ficou por conta do Rafael, e é neste trecho onde se encontra o crux geral da via, que por sinal é graduada em D3 Vsup VIIa E3 280mts. O lance do crux começa em uma parte bem vertical, e com regletes muito pequenos, neste trecho a conquistadora optou por proteger com 2 chapas, e logo em seguida uma fenda com possibilidades razoáveis para se proteger. Um lance delicado que o escalador deve dominar um balcão para se chegar na parada. A 6ª enfiada foi o Bobby quem tocou mais uma vez conforme o combinado. 
Rafael na saída para 6ª enfiada, antes do crux, lance delicado.
O final da via 7ª e 8ª enfiadas ficou para os prazeres do Rafael. Um lindo diedro chamado "Chuva de Perseidas" com muitas agarras e bem protegido com grampos P's e apenas um lance de VIsup/VIIa talvez no final para se chegar a base.


Finalizamos a via após 5 belas horas de diversão e momentos que fazem com que os laços de amizade e companheirismo se firmem, mais motivados e instigados a novos desafios. Com toda certeza, a via Transbaú é uma via para se ter no currículo e poder compartilha-la com os outros.

A história da via.

Quer saber um pouco mais sobre a via, assim como baixar o croqui, acesse o link do Brasil Vertical.

Até breve, boas escaladas!

Samuel Moreira